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Depois de 100 anos, o que a Semana de Arte Moderna tem a ensinar? 

Já imaginou? Há exatamente 100 anos, no dia 16 de fevereiro de 1922, estavam reunidos no Theatro Municipal, no centro da cidade de São Paulo – SP, nomes como Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Zina Aita, Graça Aranha, Oswald e Mário de Andrade para participar da Semana de Arte Moderna, também conhecida como a Semana de 22. 

Mas o que foi a Semana de Arte Moderna 1922? 

Considerado um dos eventos mais importantes da história do Brasil aconteceu entre os dias 13 e 17 de fevereiro. Na ocasião, esses jovens artistas brilhantes da época se reuniram para apresentar uma nova proposta de arte.

Era um conceito em que pudesse expressar a realidade do que ocorria no país, distanciando-se da arte formal e conservadora que dominava a época. O movimento inaugurado na mesma época ficou conhecido como Modernismo.

Quer saber mais sobre o movimento modernista? Nós separamos um podcast especialmente para você. Clique e ouça! 

 

Qual era o contexto da Semana de Arte Moderna em 1922? 

Há um século, o mundo ainda não havia se recuperado completamente dos estragos causados pela Primeira Guerra Mundial e, no Brasil, comemorava-se o primeiro centenário da Independência. Mas por que isso é relevante?  

As marcas deixadas por esse período foram sentidas em todas as áreas da vida, como a política, a cultura, a economia e também nas artes. 

Todo esse clima criou as condições para o surgimento de uma nova geração artística no mundo todo  preocupada com valores sociais e empenhada em construir uma arte com mais liberdade. No Brasil não foi diferente. 

Mesmo 100 anos após a Independência do Brasil, ainda havia muitos problemas sociais a serem resolvidos. A política ficava restrita às oligarquias dos estados de São Paulo e Minas Gerais, no que ficou conhecido como “Política do Café com Leite” e a cultura e as artes eram privilégios da alta sociedade. 

Dessa forma, a Semana de Arte Moderna foi um evento que canalizou toda a insatisfação de artistas que acreditavam que a  cultura e a arte deveriam ser feitas para toda a população, causando uma ruptura e abrindo portas para uma manifestação artística e cultural marcante na nossa história.

O que mudou com a Semana de Arte Moderna de 1922? 

No início, a crítica ao movimento foi forte e o público ficou bastante desconfortável com as apresentações. Muitas pessoas não conseguiram compreender a proposta da arte naquela época. 

Apesar de tudo isso, a Semana de Arte Moderna de 1922 é um marco da história do Brasil e sempre será lembrada como um grande evento em prol  da livre expressão artística. Acima de tudo, foi uma forma de protesto sobre os acontecimentos que aconteceram na época. 

A cultura e a arte são espaços em que sempre existiram manifestações, seja na música, na literatura ou nas artes plásticas. Inclusive, a Semana de 1922 é uma referência para uma série de movimentos artísticos que acontecem atualmente. 

5 obras e poemas para conhecer a Cultura Modernista

Separamos algumas dicas de poemas, quadros e livros que você pode consultar se quiser conhecer mais profundamente as figuras que protagonizaram esse evento. Vamos lá!

  • Livro “Pauliceia Desvairada”

O livro é uma coletânea de poemas de Mário de Andrade. Destaque para o poema “Ode ao Burguês” que foi lido entre aplausos e vaias durante a Semana de Arte Moderna. 

  • Poema “Os Sapos” 

Poema de Manuel Bandeira, outro expoente do movimento, “Os Sapos” possui críticas recheadas de sarcasmo e ironias ao conservadorismo e também ao parnasianismo em seus versos.

  • Pintura “O Homem Amarelo” 

Obra Anita Malfatti, “O Homem Amarelo” foi parte integrante da Semana de 22. A pintura é um retrato de um imigrante italiano excluído que pediu para que ela o pintasse, com uma “expressão desesperada”.

  • Macunaíma 

Esse livro de Mário de Andrade, lançado em 1928, é um marco da literatura brasileira. Mesmo não sendo apresentado na Semana de 1922, traduz seu espírito artístico e é essencial ao Modernismo no Brasil.

  • Abaporu

Quadro mais conhecido da pintora brasileira Tarsila do Amaral (1928), esta pintura foi realizada alguns anos após a Semana de Arte Moderna. É um quadro fundamental para pensar a ideia de uma arte com raízes nacionais, como queriam aqueles artistas.

 

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“Abaporu”, de Tarsila, que inaugurou o movimento antropofágico nas artes plásticas

Programas culturais para conhecer e viver a Semana de 22 

São exposições, peças de teatro, declamações de poesia, todas refletindo o legado desse movimento artístico tão importante para o nosso país. Acompanhe:

  1. O Theatro Municipal de São Paulo traz uma programação especial com concertos, apresentações de dança e sarau. Também será organizada a Expedição Modernista, inspirada na Missão de Pesquisas de Mário de Andrade.
  2. O Centro Cultural Fiesp traz a exposição “Era Uma Vez o Moderno”. São quase 400 itens entre pinturas, desenhos, diários, fotos e cartas, reunidos pela primeira vez em tamanha dimensão – e já é considerada a maior exposição sobre o Modernismo brasileiro realizada até hoje.
  3. SESC Avenida Paulista receberá de 15 a 19/2, o curso online gratuito “O que fez o Moderno com o Carnaval? – Por entre nacionalismo, africanismos e identidade brasileira”. A aula faz parte do projeto “Diversos 22” e visa ampliar o olhar sobre as mudanças trazidas pelo modernismo.
  4. O CCBB São Paulo promove a exposição “Brasilidade Pós Modernismo“. São obras de 51 grandes artistas, herdeiros desse movimento tão rico que é o Modernismo. A mostra propõe uma reflexão sobre o legado da Semana de Arte Moderna para a arte no Brasil.
  5. Memorial da América Latina reuniu 16 caricaturas de artistas ligados à Semana de 22. Foi escolhido não só quem participou do evento, mas outros artistas brasileiros que contribuíram para o Modernismo na América Latina.

Um movimento histórico pela democratização da arte 

Por isso, a Semana de Arte Moderna não é apenas um evento que entrou para história, mas parte do movimento cultural de nosso país até os dias de hoje. Gostou do conteúdo que viu até aqui? Então, vamos propor um exercício para fazermos juntos. 

Se a Semana de Arte Moderna acontecesse hoje, quais artistas fariam parte desse movimento? 

Quem sabe essa análise não possa ser um tema para praticar a sua redação, hein? Aproveite a data, veja as obras de arte da época e faça um comparativo com os movimentos artísticos que vemos nos dias de hoje. 

Afinal, quais foram as mudanças na música, na pintura, na literatura ao longo desses 100 anos? Vale a reflexão.

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